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Histórico da cidade de Alegrete

Escrito por Seção de Informática | Última atualização em Quarta, 21 de Dezembro de 2022, 09h01 | Acessos: 2155

Histórico da Cidade

No processo de criação dos municípios do Rio Grande do Sul, Alegrete ocupa o oitavo lugar, desmembrado do Município de Cachoeira do Sul que, por sua vez, originou-se do município de Rio Pardo, em 1819. Do grande Município de Alegrete, surgiram os municípios de Uruguaiana, Livramento, Departamento de Artigas (no Uruguai), Quaraí, parte de Rosário do Sul, parte de Bagé e parte de Manoel Viana.

Povoamento do Rio Grande

Remontam ao século XVII as primeiras incursões de aventureiros paulistas às então remotas paragens do Rio Grande de São Pedro, à procura de riquezas e arrebanhando gado. Ao mesmo tempo, os jesuítas do Paraguai, alargando os domínios espanhóis, fundavam, na margem esquerda do rio Uruguai, os Sete Povos das Missões. Os primitivos habitantes da terra gaúcha eram constituídos pelas tribos nômades dos índios charruas e minuanos.

Em 1732, inicia-se a distribuição, pelo Governo da Coroa de Portugal, das sesmarias (tratos de terra com que eram brindados os soldados que haviam servido nas campanhas contra os castelhanos). O gado, às soltas, em meio favorável, multiplicava-se espontaneamente e, quem quisesse dele se apossar, bastava arrebanhá-lo, pois logo se aquerenciava. Construída uma tôsca morada estava iniciada a estância que, em sua acepção primitiva, significava paragem, lugar de pouso. Desse modo, fazia-se o povoamento do Rio Grande de São Pedro.

Povoamento do Alegrete

Já no século XVII, grande parte do gado que escapara das missões jesuíticas destruídas, veio para os campos do atual município de Alegrete e formou grande rebanho. Apesar dessa riqueza, o povoamento só muito mais tarde se efetuaria, talvez pela indecisão, por longo tempo reinante, quanto à soberania, espanhola ou lusitana, sobre aquela região.

1808 - Tudo indica que o povoamento se tenha iniciado neste ano, quando JOÃO MANOEL PINTO ali se fixou. Seu exemplo foi logo seguido por algumas levas de portugueses que se dedicaram à agricultura.

1811 - O Príncipe português, D.João (futuro D. João VI) ordena que se concentre no Rio Grande um Exército de Observação, chamado depois de Exército Pacificador, cujo comando entregou ao Capitão-General D. DIOGO DE SOUZA. Sua finalidade era evitar que as lutas do Prata atingissem o nosso território.

Assim, em 1811, o Exército português, vindo do centro da Colônia e da Europa, chegou ao sul, ampliando a posição geopolítica portuguesa, para que a pátria não só significasse um espaço, como também um exercício de influências e de conquistas políticas.

A tropa chegada ao Sul dividiu-se em duas colunas:

A primeira, comandada pelo Marechal MANUEL MARQUES DE SOUZA, que acampou junto aos Cerros de Bagé.

A segunda teve como comandante o Marechal de Campo JOAQUIM XAVIER CURADO, estabelecido no rio Ibirapuitã-Chico, margem direita (alto Caverá), recebendo o nome de Acampamento de São Diogo (hoje no município de Livramento).

O General THOMAZ da COSTA RABELO e SILVA, comandante da Coluna avançada do General JOAQUIM XAVIER CURADO, tem seu acampamento no lugar onde hoje é a cidade de Alegrete.

Destacou-se do Exército uma coluna, comandada pelo Coronel JOÃO DE DEUS MENA BARRETO, para guarnecer as Missões.

D. DIOGO DE SOUZA, em revista ao teatro de operações, vindo de São Borja, chegou ao Povoado dos "Aparecidos", em junho de 1811.

POVOADO DOS "APARECIDOS"

Junho de 1811 - Portanto, a primeira efetiva ocupação do terreno de Alegrete e seu conseqüente povoamento ocorreu quando um destacamento do Exército Imperial, comandado por D. DIOGO de SOUZA acampou às margens do rio Inhanduí, no inverno de 1811, preparando-se para invadir o Uruguai. A partir dessa data, o movimento de tropas militares veio impulsionar ainda mais o povoamento inicial.

1812 - "O Tenente-coronel José de Abreu, em suas terras situadas a 4 léguas da atual cidade de Alegrete (24 km) e 1 km abaixo do Passo dos Guedes, em campos da Estância Santa Amazília, à margem do Inhanduí, cedeu uma fração para a fundação da povoação e para o seu rocio (praça) ou logradouro, devendo os proprietários das casas a construir, pagar um foro, para a sustentação da Capela, que seria dedicada a Nossa Senhora da Aparecida"

1813 - No território junto às tropas militares, no Inhanduí, onde hoje se situaria o vasto município de Alegrete, desde 1813 foram distribuídas sesmarias, iniciando a sua respectiva povoação.

CAPELA NOSSA SENHORA APARECIDA DO INHANDUÍ

Além de fundar uma povoação, os moradores trataram de edificar uma capela que seria o ponto de convergência para o culto de sua fé. Para praticar os Sacramentos, portanto, não teriam de deslocar-se até a Paróquia de São Borja, o que levava alguns dias de viagem.

Segundo o historiador Walter Spalding, desta forma, "libertavam-se das contingências de ir mendigar os Sacramentos na Paróquia de São Borja, distante de 160 a 215 km, atravessando com alguns dias de viagem e por extensos campos, onde com o interstício de algumas léguas, avistava-se uma rara habitação, além das dificuldades e perigos com a passagem pelos rios caudalosos e banhados imensos".

1814 - Assim, no local às margens do Inhanduí (atual Estância Santa Amazília, a 24 km da atual cidade de Alegrete) teve início a construção de uma capela, erguida sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.

1811 - 1816 - Período de permanência do Exército no Inhanduí -, na Capela do Inhanduí, que hoje é popularmente conhecida com o nome de Capela Queimada.

1816 - 30-03-1816 - O Rei D. JOÃO (futuro D.João VI) organiza o Exército Português (5.000 homens) na Europa, que chega, nesta data, ao Rio de Janeiro e junta-se com 2.000 homens aqui existentes, comandados pelo General JOAQUIM XAVIER CURADO. Este Exército era para invadir a Banda Oriental do Uruguai, obedecendo a um plano de conquista.

Agosto/1816 - O MARQUÊS de ALEGRETE assume o Comando Geral das Forças na Fronteira Sudoeste, a fim de tomar providências ordenadas pelo Rei. O Marquês entregou o Comando das Forças de Vanguarda ao General JOAQUIM XAVIER CURADO e, sob as ordens deste, o general JOSÉ de ABREU.

Desde agosto, e antes mesmo, na fronteira, as tropas uruguaias distribuíram-se em duas colunas: uma comandada por ANDRES ARTIGAS (Andresito, filho adotivo de José Gervásio Artigas) e outra pelo próprio D. JOSÉ ARTIGAS que, acampado no rio Arapeí, enviara a vanguarda composta de 3.400 homens, dirigidos por LA TORRE. Dessa maneira, procuravam apoderar-se, inicialmente, da costa do Rio Uruguai, nos Sete Povos das Missões, que os gaúchos haviam conquistado em 1801.

CAPELA QUEIMADA - Em 16-09-1816, quando possuía regular população (cerca de 40 casas), o "Povoado dos Aparecidos" e da Capela do Inhanduí foi atacado, incendiado e arrasado pelos insurgentes de ARTIGAS, uma força dos chamados "independentes", da Banda Oriental. O local passou a ser chamado de Capela Queimada. Os habitantes do povoado fugiram para a margem esquerda do Rio Ibirapuitã, próximo ao acampamento militar que lá existia (provavelmente no local da atual Praça Getúlio Vargas).

Os orientais só se retiraram com a aproximação das forças comandadas por Dom LUIZ TELES da SILVA CAMINHA e MENEZES, 5º Marquês de Alegrete.

16-09-1816 até 26-12-1816 - Período que os fugitivos da Capela do Inhanduí ("Capela Queimada") levamram para chegar até o local da atual cidade de Alegrete, situada a 24 km de distância do "Povoado dos Aparecidos".

20-12-1816 - O MARQUÊS de ALEGRETE estava com seu Quartel General no Ibirapuitã, junto ao General CURADO, ao General ABREU e ao General THOMAZ DA COSTA, onde se abrigavam os fugitivos do Inhanduí, que se estabeleceram próximos ao acampamento, na margem esquerda do Rio Ibirapuitã.

26-12-1816 - Data do primeiro batismo, realizado na Legião do Exército pelo Capelão da Legião, o Padre JOSÉ de FREITAS, batismo da menina Zeferina. Essa data pode ser considerada a efetiva certidão de nascimento da futura cidade de Alegrete.

1817 - 25-01-1817 - Os fugitivos da Capela do Inhanduí destruída, enviaram um ofício ao MARQUÊS de ALEGRETE, que se encontrava no seu Quartel-General no Ibirapuitã, e pediram licença para erguerem uma nova capela.

27-01-1817 - O Comandante do Distrito de Entre Rios, o Tenente Coronel JOSÉ de ABREU manda iniciar a construção das moradias para os fugitivos do Inhanduí. Quando JOSÉ DE ABREU recebeu as ordens do MARQUÊS do ALEGRETE para erguimento da povoação, ele já havia determinado o local e iniciado realmente o povoamento, com a construção das primeiras habitações, ali, na retaguarda das tropas, nos fundos do acampamento do Ibirapuitã.

Pouco tempo depois, o MARQUÊS de ALEGRETE fez construir uma pequena igreja, na colina da margem esquerda do Rio Ibirapuitã, e forneceu dinheiro a diversos moradores para construírem suas choupanas nesse local.

Os habitantes da aldeia destruída, então, aí instalaram-se e colocaram a nova capela sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida de Alegrete, em homenagem ao título honorífico do Governador da Capitania (o MARQUÊS DE ALEGRETE), seu fundador protetor. Esse povo é que deu origem à atual cidade de Alegrete.

Alegrete à margem esquerda do seu rio Ibirapuitã

Em primeiro plano, o Parque Porto dos Aguateiros, local do rio Ibirapuitã, situado na face sul da Praça Getúlio Vargas que, desde o princípio da história de Alegrete (1817) serviu de ponto de retirada da água para abastecer o arraial, a vila até o período de cidade, nos anos de 1900. Este local foi escolhido, por ser a parte mais baixa do rio, o qual possui, em suas margens, pedras metamórficas pretas e uma enseada que proporcionava a retirada da água, que era carregada em pipas e vendida.

Para se defender da poluição provocada pelas lavadeiras, foi estipulado, mais abaixo, à distância de 300m, um local com uma placa e um poste, onde ficava um guarda em observação, chamando-se assim o local de "Pau do Polícia". Quando Alegrete teve a sua água encanada e esgoto, a partir de 1930, o Porto dos Aguateiros tornou-se uma praia para a população ribeirinha e também para o banho diário dos que não possuíam banheiro, tanto no inverno, quanto no verão.

ANTONIO JOSÉ VARGAS foi o doador das terras onde está a cidade de Alegrete, porque tinha o senhorio das terras.

Entretanto, na qualidade de Comandante Militar e representante do Monarca luso-brasileiro, foi D. LUIZ TELES DA SILVA CAMINHA E MENEZES, o Marquês de Alegrete o fundador legal de Alegrete (que dele tomou o nome), porque foi por sua autoridade, que a nova povoação foi estabelecida e legalmente reconhecida. Por outro lado, por ter sido o executante das ordens do MARQUÊS DE ALEGRETE, o General JOSÉ DE ABREU é considerado, por alguns, como o fundador de Alegrete, e o Marquês como o Patrono do povoado.

1820 - A Capela recebia o título de "Curato de N. Srª. Imaculada Conceição Aparecida de Alegrete" (Capela Curada de Alegrete).

1831 - A povoação foi elevada à categoria de Vila, por Decreto Provincial de 25 de outubro, com a primeira Câmara de Vereadores, em número de sete e com a nomeação do primeiro juiz, Dr. Francisco de Sá Brito Júnior. Então, essa comemoração corresponde não só ao Poder Legislativo, como também ao Poder Judiciário. O Poder Executivo só existirá com a Proclamação da República, sendo o cargo majoritário ocupado pelo Intendente Municipal.

1834 - A 17 de fevereiro de 1834, era instalado o município de Alegrete, com território desmembrado de São Borja.

1857 - Finalmente, pela Lei 339, de 22 de janeiro de 1857, Alegrete adquiria foros de cidade. Contava, à época, com 13.000 habitantes.

DATAS MAIS IMPORTANTES (cronologia):

20 mai 1811 - Chegada de D. Diogo de Souza ao Ibirapuilã.
.......... 1814 - Erguida, no Inhanduí, a 1ª Capela (Queimada).
16 set 1816 - Incêndio da 1ª Capela (Queimada) e fuga para o local atual.
26 dez 1816 - Primeiro Batismo em Alegrete.
08 jul 1817 - Segundo Batismo em Alegrete.
01 dez 1817 - Terceiro Batismo em Alegrete.
19 abr 1820 - Criada a Capela Curada de Alegrete.
13 fev 1822 - Criada uma Comares Eclesiástica na Capela de Aiegrete.
18 fev 1822 - Assume o Pároco Joze Paim Coelho de Souza.
02 mai 1822 - Registrou-se o primeiro óbito.
04 set 1822 - Celebração do primeiro casamento.
.... abr 1828 - Incêndio da 2ª Capela (na Praça da Igreja).
25 out 1831 - Elevação da povoação à categoria de Vila.
13 nov 1832 - Mandada instalar a Vila.
15 jan 1834 - Apuração da eleição em Cachoeira.
17 fev 1834 - Alegrete é desmembrada do município de São Borja.
17 fev 1834 - Instalação da Vila de Alegrete, com Câmara de Vereadores e Juiz.
16 jun 1837 - A Câmara de Alegrete adere à causa dos farroupilhas
01 dez 1842 - Assembléia Constituinte da República Rio-grandense.
30 abr 1846 - A Capela de Alegrete é elevada à categoria de Freguesia.
22 jan 1857 - A Vila de Alegrete é elevada à categoria de cidade.

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